Durante três anos, viveu sob disciplina rigorosa, combinando estudos acadêmicos, treinamentos e a rotina própria da vida de internato
O Brasil se despediu, na última sexta-feira, de Arlindo Cruz, aos 66 anos. Muito antes de se tornar um dos maiores nomes do samba, Arlindo vestiu a farda da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), em Barbacena, na década de 1970. Aqui, já mostrava seu talento musical, integrando o grupo Sambizâncio, criado para o Festival Águia de Ouro.
A passagem de Arlindo Cruz pela EPCAR
Arlindo ingressou na EPCAR em 1975, aos 15 anos, após se preparar intensamente para conquistar uma das disputadas vagas da escola militar da Aeronáutica. Durante três anos, viveu sob disciplina rigorosa, combinando estudos acadêmicos, treinamentos e a rotina própria da vida de internato.
Foi nesse ambiente que ele deu os primeiros passos como músico, integrando o grupo Sambizâncio, formado por alunos da EPCAR para representar a escola no Festival Águia de Ouro. Na famosa foto da época (capa dessa matéria), Arlindo aparece como o primeiro agachado à esquerda, já com o cavaquinho em mãos e o sorriso carismático que o acompanharia por toda a vida.
A transição da vida militar para a música
Após concluir o ciclo na EPCAR, Arlindo retornou ao Rio de Janeiro e passou a frequentar as rodas de samba do Cacique de Ramos, onde conheceu nomes como Jorge Aragão, Beth Carvalho, Beto Sem Braço, Ubirany, Almir Guineto, Zeca Pagodinho e Sombrinha – este último se tornaria seu parceiro de vida artística.
A paixão pela música falou mais alto, e ele decidiu abrir mão da carreira militar para se dedicar integralmente ao samba. Essa transição marcou o início de uma trajetória artística brilhante, que resultaria em centenas de composições, sucessos consagrados e reconhecimento nacional.
O legado de Arlindo Cruz para a cultura brasileira
Arlindo Cruz construiu um legado que ultrapassa gerações. Compositor, cantor e mestre do cavaquinho, suas músicas exaltam a cultura popular, a poesia do cotidiano e a identidade do samba carioca.
Sua vida é exemplo de coragem para seguir a vocação, mesmo quando isso significa mudar radicalmente de direção. De cadete da EPCAR a ícone do samba, Arlindo mostrou que disciplina e paixão podem caminhar juntas, deixando ao Brasil um acervo artístico inesquecível e uma história de vida inspiradora.
Marcelo Barros, Defesa em Foco.
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