Deputados apontam “improviso”, “caos” e “palanque eleitoral”; Sind-UTE diz que evento era marketing
À direita da imagem é possível ver a confusão entre os estudantes.| Crédito: Foto 1: Redes Sociais/ Foto 2: Rep. Youtube
A tentativa do governo de Minas de promover o “maior aulão de Inteligência Artificial do mundo” terminou em confusão generalizada, atraso e críticas contundentes de parlamentares da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que agora exigem explicações oficiais.
Após cenas de pancadaria entre estudantes da rede estadual no gramado do Mineirão, na manhã desta quarta-feira (19), a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, por meio de sua presidenta Beatriz Cerqueira (PT), anunciou que irá convocar o secretário de Estado de Educação, Rossiele Soares, para detalhar o que chamou de um “evento caótico e mal planejado”.
O tumulto marcou o início do megavento organizado pela Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) em parceria com o Google Gemini. A atividade pretendia reunir cerca de 40 mil estudantes e quase mil ônibus oriundos de 11 cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, uma operação que, segundo a SEE, buscaria alcançar o Guinness Book com o recorde de maior aula de IA já realizada.
Briga generalizada após provocação sobre Atlético x Cruzeiro
A confusão teria começado quando os mestres de cerimônia, diante do estádio lotado, perguntaram aos jovens: “Quem é Galo? Quem é Cruzeiro?”. A provocação, típica da rivalidade entre as torcidas, desencadeou uma série de agressões, com grupos de alunos trocando socos, correria e objetos, como copos d’água, sendo arremessados.
A briga se espalhou rapidamente pelas arquibancadas, obrigando a organização a atrasar o início da aula, prevista para as 10h. O evento só foi retomado por volta das 11h30.
Em nota, a administração do Mineirão informou que toda a operação de segurança e logística era de responsabilidade do governo de Minas, o estádio apenas cedeu o espaço.
Deputados falam em “irresponsabilidade” e “tragédia anunciada”
A presidenta da Comissão de Educação da ALMG, deputada Beatriz Cerqueira (PT), confirmou a convocação do secretário Rossiele Soares e classificou o episódio como resultado direto da condução do governo.
“Gente, que caos. Estou recebendo vídeos demonstrando a tragédia que está sendo o aulão que o governo Zema e seu secretário anunciaram. Pessoas machucadas, alunos desmaiando. É isso que dá fazer da educação um palanque pré-eleitoral por gente que não entende nada de educação”, criticou, por meio das redes sociais.
Beatriz também criticou a decisão de transportar milhares de estudantes para o Mineirão. “Eles quiseram reunir 40 mil estudantes, quase mil ônibus no trânsito de Belo Horizonte, é muita irresponsabilidade. O secretário já foi convocado para prestar esclarecimentos sobre esse caos provocado por ele e pelo governo Zema”.
O deputado Cristiano Silveira (PT) reforçou a crítica ao governador Romeu Zema. “Zema não acerta uma: tentou levar milhares de estudantes ao Mineirão para um “aulão” de IA sem segurança nem planejamento, só para se promover. O resultado foi briga generalizada. Investir em educação ele não quer, né? 40% das escolas mineiras não tem nem acesso à internet”, disse, por meio das redes sociais.
Já o deputado federal Rogério Correia (PT) classificou o episódio como “vergonhoso”. “Vergonha o que aconteceu hoje no Mineirão. Um evento de educação que virou caos porque o governo Zema não colocou segurança, deixou apresentador instigar disputa de torcida e não conteve as brigas. Resultado: garrafas voando, confusão generalizada, estudantes atendidos pelo SAMU”, lamentou.
“Zema mostra, mais uma vez, que não entende de educação, não entende de segurança pública e não entende nem de organizar um evento. E ainda quer ser presidente surfando na carniça política do bolsonarismo”, continuou.
A deputada Lohanna (PV) também criticou a condução da SEE. “Mais uma ‘genialidade’ do governo de Minas: enfiar milhares de estudantes no Mineirão pra ‘aula de IA’ e achar que citar Cruzeiro x Atlético no meio da atividade ia dar certo. Resultado? Briga generalizada. Improviso, espetáculo e zero planejamento público”, observou.
Sind-UTE já havia alertado antes do evento
Antes do aulão, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG) já havia divulgado uma nota condenando a iniciativa. A entidade afirmou que o evento tinha caráter de marketing.
“Um evento do governo voltado para encher estádio e buscar um recorde no Guinness não passa de uma ação de marketing sem qualquer vínculo com a realidade da educação pública em Minas Gerais. Enquanto se vendem discursos de “marco histórico”, “equidade”, “protagonismo”, “formação digital” e “inovação”, as escolas continuam sem as condições básicas para que esses conceitos existam de verdade. O maior aulão do mundo já acontece todos os dias dentro das escolas, feito por quem sustenta a educação na prática”, afirmou o sindicato, por meio de nota.
Evento comprova desinteresse de Zema nos problemas reais da educação
Secretária-geral da União Nacional dos Estudantes (UNE) e integrante do Levante Popular da Juventude, Camila Moraes critica, em primeiro lugar, o próprio tema que levou o governador a realizar o evento.
“Esta aula sobre inteligência artificial é mais uma prova de que o que ele quer é constituir enquanto governador espaços para que ele possa se aproveitar, se projetar eleitoralmente às vésperas de um ano eleitoral”.
Para ela, o evento também confirma que o governo Zema não faz “a menor ideia” de quais são os desafios reais e as contradições da educação pública do estado.
“Ao invés de estar debatendo com o conjunto das comunidades escolares, da comunidade universitária, formas de ampliar o investimento na educação, formas de fortalecer o ensino ensino, a pesquisa, a extensão das nossas universidades estaduais, forma de melhorar a estrutura, o projeto pedagógico das nossas escolas, ele está mais preocupado em acionar ao mercado financeiro, as elites econômicas, do que necessariamente debater e resolver os problemas reais da educação pública”, pontuou.
Por mim, Moraes também critica a ausência de segurança em um evento de tal porte.
“Um grande absurdo não ter uma segurança preparada para conter qualquer tipo de confusão que poderia acontecer. Não dá pra colocar 20 mil pessoas dentro de um estádio sem também nenhum nível de preocupação com a segurança dessas pessoas. Em tese, também não era um evento para falar sobre futebol, não era um evento para falar sobre Cruzeiro e Atlético, ainda que por linhas tortas. Mais um erro do governo que não é isolado e que comprova qual lado da história que ele tá”, conclui.
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