A um ano das eleições, o estrategista em Comunicação Arthur Raposo Gomes comenta o desenho das narrativas políticas para 2026
Arthur Raposo Gomes – jornalista, publicitário e estrategista de Comunicação
A um ano das eleições de 2026, o que está em jogo não são apenas candidaturas, mas narrativas. Em um país marcado por polarizações, a disputa se decide tanto pelo voto quanto pela forma como projetos de futuro são contados, apropriados e reconhecidos pela sociedade.
De um lado, a direita tenta se reorganizar após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. O espaço que ele ocupava hoje é disputado por governadores, parlamentares, familiares e aliados que buscam herdar o que restou do capital político bolsonarista. Do outro, o campo progressista tem diante de si a tarefa de consolidar resultados do governo Lula e transformá-los em linguagem simples, convincente e próxima da vida cotidiana. O centro, pressionado, procura não desaparecer no jogo dos polos.
Não existe mais política apenas de palanque ou apenas de feed. O que se constrói nas ruas precisa ganhar tradução digital; o que viraliza nas redes precisa de lastro na vida real. A eleição de 2026 vai medir, em grande medida, essa capacidade de integrar mobilização presencial e comunicação digital.
A direita insiste em vender a narrativa da “eficiência administrativa”, quase sempre reduzida a cortes de gastos e privatizações. A esquerda, por sua vez, se apoia na agenda da inclusão, da proteção social e da reconstrução da soberania. Mas não basta apenas rebater ataques: é preciso disputar sentidos. O que significa, de fato, “eficiência”? Para quem e a que custo? E como traduzir “inclusão” para que ela seja percebida no cotidiano da população?
O desafio para o campo progressista é antigo e conhecido: comunicar resultados de governo de forma clara, acessível e que dialogue com a emoção. Entregar políticas públicas é fundamental, mas não garante reconhecimento eleitoral automático. É preciso contar essas entregas, dar rosto às estatísticas e transformá-las em histórias que conectem pessoas e comunidades. Ao mesmo tempo, será inevitável lidar com campanhas coordenadas de desinformação e discursos de ódio - armas que seguirão ativas na disputa.
A um ano das urnas, o mapa eleitoral não começa a se redesenhar apenas por alianças partidárias ou pesquisas de intenção de voto. Ele se redesenha pela capacidade de cada campo político de ocupar narrativas e mantê-las vivas até a hora da decisão. Em 2026, não vencerá quem tiver apenas mais tempo de TV, recursos ou slogans bem montados. Vencerá quem conseguir traduzir um projeto de país em uma linguagem que faça sentido na vida das pessoas - das ruas às redes.
Aguardemos o passar dos dias...
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