Alunos também relataram ofensas do docente, que já tem processos administrativos em trâmite na Corregedoria do IF Sudeste.
Um professor de 48 anos do IF Sudeste de MG (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais) foi detido pela Polícia Militar, na quarta-feira (14), suspeito de ter cometido o crime de indução ao suicídio contra estudantes do Campus Barbacena. Por se tratar de fato ocorrido no interior de uma instituição federal, ele foi levado para a sede da Polícia Federal, em Juiz de Fora. O IF Sudeste de MG informou que vai dar encaminhamento da denúncia para a corregedoria da instituição, assegurando o contraditório e a ampla defesa do professor. A escola disse ainda que se mobiliza para oferecer apoio aos estudantes, familiares e servidores envolvidos.
Segundo informações do REDS (Registro de Eventos de Defesa Social), a Polícia Militar foi acionada depois que os estudantes relataram que o professor Fabrício Júnior de Oliveira Avelino teria os induzido ao suicídio dizendo que eles "Não irão dar em nada" e que seria melhor "Fazerem como a escrivã da Polícia Civil fez dias atrás". A menção seria à Rafaela Drumond, que se matou na casa dos pais na última sexta-feira (9). O caso da escrivã é investigado pela Polícia Civil.
Para a Polícia Militar, o professor disse que em momento algum teve a intenção de induzir os alunos ao suicídio e que é "Totalmente contra todo e qualquer ato que fomente ações dessa natureza". Na versão apresentada pelo professor, houve um desencontro de opiniões entre ele e os alunos durante a aula. Ainda segundo informações do REDS "o docente chegou a avaliar que a situação poderia ter sido resolvida no âmbito do educandário, mas que não iria se defender acusando nenhum aluno e nem mesmo seria a favor de impedir a expressão dos reclamantes". O g1 tentou contato com o professor via e-mail e telefones disponíveis na internet, mas não conseguiu retorno.
Alunos afirmam terem sofrido ofensas pessoais
Uma estudante de 17 anos ouvida pela polícia alegou que o professor, também durante a aula da quarta-feira (14), teria utilizado termos sexuais. Outros estudantes que testemunharam no documento policial disseram que já houve "diversas citações constrangedoras de atos sexuais, inclusive direcionado a alunos (a) menores", e também referências políticas. Uma outra estudante, de 18 anos, relatou que o docente, por diversas vezes, teria a ofendido diretamente, "alegando que era melhor que ela fosse prostituta, do que iniciar uma graduação, devido a sua capacidade reduzida de aprendizagem".
Ainda conforme o registro policial, vários alunos se sentiram fragilizados com a situação. Uma das alunas apresentou crises de ansiedade durante o ato, se retirando de sala em prantos. Os alunos também disseram ter áudios que podem provar os fatos. A reportagem entrou em contato com a Polícia Federal para saber se Fabrício Júnior de Oliveira Avelino teve o flagrante ratificado, mas não obteve retorno. Já a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública informou que até a publicação desta reportagem, o professor não havia dado entrada em nenhuma unidade prisional do Estado.
Outros processos
Conforme a direção do IF Sudeste de MG, o professor tem outros processos administrativos em trâmite, inclusive, um deles, de caráter demissionário por fatos que já tramitam na corregedoria institucional. A reportagem questionou o teor desses processos, e aguarda retorno.
TV Integração