Sergio Ayres dá uma de detetive e vai em busca de pistas sobre o desaparecimento
SOCORRO, O PREFEITO SUMIU!
Sérgio Cardoso Ayres
MEMBRO DA ACADEMIA BARBACENENSE DE LETRAS
Não sei se os eleitores barbacenenses perceberam, mas o prefeito Carlos Du sumiu das redes sociais nos últimos meses. Depois de conquistar mais de 90% dos votos no último pleito, o novo garoto prodígio, título que sempre foi do ex-prefeito Toninho Andrada na pena irreverente do esquecido Frei Tibúrcio, simplesmente escapou entre os vãos da rede mais famosa do mundo como um peixe pequeno, coisa que ele não é, e desapareceu. Mistério! No início, como não sou mais um grande frequentador desse espaço desde que os donos do Face e o Insta passaram a apoiar o Trump, pensei que fosse apenas uma impressão equivocada minha – como tantas outras. Acostumado a vê-lo como o maior influenciador digital da região, com colete da defesa civil salvando donzelas presas na torre, dançando em festas como um experiente bailarino russo, soltando a voz em canções sertanejas de dor de cotovelo nos karaokês espalhados pela cidade, desfilando na rua Quinze com Papai Noel de preto em cortejos de Natal, imitando a si mesmo como se fosse um ator num papel duplo de novela da Globo ou exibindo a sua desenvoltura nas redes sociais assim que eu abria o celular, de repente, sem mais nem menos, ele sumiu do comando da cidade – leia-se das redes sociais. Nos dias de hoje, tanto faz!
Confesso que fiquei preocupado. Lembrei do filme “Apertem o cinto, o piloto sumiu”, de 1980, que é até hoje um marco na categoria comédia de humor negro e um sucesso total. O que me assustou foi pensar que a cidade estava sem comandante, como na película, quando um ex-piloto com medo de voar assume o comando da aeronave já que o piloto sumiu. Mas, depois, percebi que o que estava em jogo era o próprio prefeito e o futuro político e administrativo da cidade. Nem mesmo no Flagrante BQ, que só elogia o prefeito por isso e por aquilo, o nosso chefe não aparecia mais. E nem no show do Ponto de Partida sobre Fernando Brant. Até a eleição para o cargo de secretário da Associação Mineira de Municípios – AMM - ele perdeu! Incomodado, fiz a velha pergunta que aprendi no curso de detetive particular por correspondência que fiz no extinto Instituto Universal Brasileiro (alguém lembra dele?): “O que teria acontecido?”. Depois de usar uma lupa para analisar, percebi que existiam muitas hipóteses, mas três delas chamavam a minha atenção. A primeira é que ele cansou de ser destaque e passou a valorizar mais a sua intimidade. Normal, mas o ego e a vaidade atrapalhariam. A segunda versa sobre uma estratégia de marketing para reaparecer na Festa das Rosas esbanjando fragrâncias e no Jubileu de São José como um utensílio indispensável. Não creio. E a terceira é que foi aconselhado a poupar a sua imagem arranhada pela exposição excessiva. Não sei, já que falem mal, mas falem de mim.
Como a vida é pura matemática - se está fácil, algo está errado -, as três suposições não me satisfizeram. Cheguei a passar um final de semana ligado nas redes sociais e... nada! Gente, como dizem os mineiros, cadê o prefeito? Será que eu estava com a síndrome do filme “Bebê Rena”, quando um comediante é perseguido por uma personagem obcecada? Ou, então, foi um aviso do destino, algo como uma premonição no estilo de receber do além uma missão? Logo eu, um ateu inseguro e temeroso de ser punido pelos deuses por não acreditar em divindades? Cheguei até a pensar que o prefeito pode ter viajado para o exterior em excursão religiosa, ou estava no foguete que foi ao espaço com a Kate Perry, ou vai surgir como um soldado romano em uma procissão da Semana Santa, ou ficou doente, ou foi abduzido, ou, ainda, está pensando em renunciar ou ser candidato a deputado. Quem sabe foi o aumento do IPTU?
Sem conseguir solucionar o mistério, achei melhor nem bancar mais o Hercule Poirot ou Miss Marple, criações de Agatha Christie. Mas, deixo aqui o meu alerta numa frase de um dos contos da trilogia “As aventuras de Sherlock Holmes”, de Conan Doyle:
“Não há nada mais enganador do que um fato óbvio!”
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