Entenda como funciona a vacina contra a dengue aprovada pela Anvisa



Diretora da Sanofi Pasteur fala sobre doses necessárias, contraindicações e previsão de chegada ao mercado do novo medicamento. LEIA MAIS...

 

 

SAÚDE

 

Entenda como funciona a vacina contra a dengue aprovada pela Anvisa

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira (28) a primeira vacina contra a dengue no Brasil. A vacina, produzida pela empresa francesa Sanofi Pasteur, promete reduzir em até 93% os casos graves da dengue – aqueles que podem levar à hospitalização ou ao óbito. Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Pasteur, explicou como funciona a vacina. Serão três doses, uma a cada seis meses, para imunizar os pacientes.

Segundo ela, a vacina é uma importante ferramenta para controlar a doença, mas isso não significa que a população deve se descuidar da prevenção – continua sendo importante não deixar água parada e eliminar os criadouros do Aedes aegypti. "É importante mostrar para as pessoas que a vacina não vai resolver o problema sozinha", afirma Sheila.

Apesar de ser uma vacina considerada segura pela Anvisa, ela é contraindicada para menores de nove anos e não pode ser usada por gestantes por ser o vírus vivo atenuado. A vacina também é contraindicada para pacientes imunodeprimidos, como os de HIV positivo.

A vacina será aplicada através de uma injeção, em três doses, a cada seis meses. A partir da primeira dose ela já faz efeito, mas são necessárias três para que ela tenha um equilíbrio e uma boa proteção contra os quatro tipos de vírus de dengue que existem e para a proteção ser duradoura. Até agora não foi observada a necessidade de mais doses de reforço. Então, são três doses para a vida inteira. Para toda vacina nova é assim, tem de ir observando.

O medicamento protegerá contra os quatro vírus. A eficácia geral dele é em torno de 66%. A proteção contra o Tipo 4 é de 83%, contra o Tipo 3 é de 73%, contra o Tipo 1, 58% e contra o Tipo 2, 47%. Os quatro tipos podem causar a versão grave da dengue, mas a vacina protege 93% das formas graves, o que é muito bom. São aqueles casos que levam à hospitalização, ao óbito. Então, esse tumulto que existe hoje nos corredores dos hospitais, com pessoas em casos graves morrendo, isso não aconteceria mais.

Com essa aprovação da Anvisa, agora depende da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (órgão da Anvisa). É ela que define o preço. Quando ela fizer isso, a vacina chega no Brasil. Esse processo em média leva até três meses. É só isso que falta.

A fábrica que produzirá a vacina fica em Neville, na França, com capacidade para produzir 100 milhões de doses, para o mundo inteiro. O que é preciso para a indústria farmacêutica é saber com antecedência se terá a vacina no calendário público, para ter as doses necessárias. Precisa ser com antecedência porque leva tempo para produzir essa vacina.

“Também é importante mostrar para as pessoas que a vacina não vai resolver o problema sozinha. A gente tem de continuar limpando os criadouros, não permitir a água parada. A vacina protege só contra a dengue, não protege contra zika ou chikungunya. Se as pessoas continuarem deixando água nos potinhos, vai continuar proliferando o mosquito. Todo mundo tem de fazer a sua parte”, diz a diretora médica da Sanofi Pasteur.


 

 

Bruno Calixto

(Foto: Thinkstock) 

 

 

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