Entidade, com sede no distrito de Padre Brito, busca valorizar e fomentar a cultura dos índios puris na região. Leia mais...
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Etnia Puri funda a primeira associação indígena de Barbacena
Primeiros e históricos habitantes da região de Barbacena, a etnia indígena puri permaneceu durante muito tempo praticamente esquecida da historiografia oficial. Durante este período, a comunidade lutou muito para preservar seus costumes e tradições no distrito de Padre Brito, antigo Ilhéus, território em que manteve suas ligações com o solo em que habitou de forma original. Sofrendo com o processo de aculturação a que foi submetido, os índios puris criaram esta semana a primeira entidade indígena desta região. A Associação Regional da Comunidade Remanescente de Índios Puris Padre Brito reúne remanescentes da etnia que fincou raízes no Campo das Vertentes, tendo na matriarca Geni Trindade de Oliveira Nascimento a sua principal liderança e descendência familiar.
Reconhecida pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Barbacena – COMPHA – em 2013 como patrimônio cultural imaterial de município, referendada pelo decreto municipal nº 7.937/2016, a comunidade reside no distrito de Padre Brito, um dos mais antigos e tradicionais de Barbacena. “A criação da associação representa um passo importante na reconstrução da nossa historiografia, que precisa ser repensada no sentido dos seus primeiros habitantes, os índios puris, que foram quase que massacrados pela colonização”, disse o arquiteto Sérgio Cardoso Ayres, do COMPHA. Ele também ressaltou a relação dos distritos de Padre Brito e Ponto Chic. “Este território reúne também o Quilombo dos Candendês, patrimônio cultural do município. E esta proximidade de povos tradicionais merece mais atenção e pesquisa de historiadores”, disse. Segundo ele, o distrito de Padre Brito precisa de mais investimentos por conta de sua importância histórica. “A distância do centro da cidade e a estagnação econômica são fatores preocupantes que estão colocando em risco esta cultura e até a própria arquitetura local, que tem base no adobe e no pau-a-pique”, completou Ayres.
A associação tem em sua diretoria os nomes de Saria Trindade de Souza (presidente), Amanda Juliara de Jesus Campos (vice-presidente), Rosemayre Armelinda de Jesus (secretária) e na presidência de honra a principal liderança indígena de Padre Brito, Geni Trindade de Oliveira Nascimento. Além do COMPHA, nas pessoas de Sérgio Ayres e de Alex Guedes dos Anjos, também participou de todo o processo Márcio José da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Barbacena e Região – SINTER. A Associação também possui um Conselho de Recordação. “O papel deste conselho é preservar e valorizar os hábitos e as tradições do povo puri. E entre os primeiros projetos está a criação de um ervanário em Padre Brito, iniciativa esta em conjunto com o COMPHA e SINTER para resgatar esta tradição puri tão importante para a cultura, meio-ambiente e saúde do nosso povo e da cultura brasileira”, disse a presidente da associação, Saria Trindade de Souza. Ela ressalta que a etnia puri está presente na região em municípios como Santana do Garambéu, Ibertioga e Barroso, entre outros. “Assim, pretendemos reunir num grande encontro todos os puris da região”.
Sérgio Ayres
Fotos: O arquiteto Sérgio Ayres com integrantes da Associação dos índios Puris durante o ato de fundação
A liderança indígena Geni Trindade de Oliveira com parte de sua descendência em Padre Brito recebendo o decreto de patrimônio cultural imaterial
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