Espetáculo, que provoca reflexão sobre riscos da escassez de água, passa por Carandaí, Congonhas e Belo Vale, com apresentações gratuitas em escolas e espaços culturais
Depois do sucesso das apresentações em Barbacena, Santos Dumont e Juiz de Fora (MG), que reuniram mais de 700 crianças e adolescentes na plateia, a peça teatral ITUPAVA dois mil e SEM inicia, no próximo fim de semana, a segunda etapa da turnê em Minas Gerais. Em setembro, o espetáculo vai passar por Carandaí (20 e 22), Congonhas (23 e 24) e Belo Vale (25 e 26), com sessões gratuitas em escolas da rede municipal de ensino e espaços culturais abertos ao público
Com trilha sonora autoral e roteiro que combina ficção científica e cultura popular brasileira, a peça foi criada pelo músico e compositor Flávio Araújo e escrita em parceria com a atriz e dramaturga Lígia Ferreira. A montagem combina arte e reflexão para despertar a consciência de crianças e adolescentes sobre os riscos do agravamento da crise hídrica para o futuro do planeta.
A peça cativou o público nas primeiras cidades que receberam a turnê, em agosto. De acordo com a diretora do Colégio Santo Antônio, de Santos Dumont, Ellen Couri, a apresentação deixou uma marca inesquecível para os estudantes. "Com uma mistura mágica de arte e emoção, a peça tocou profundamente a nossa alma. Nossos alunos ficaram encantados e tomados por uma alegria que se espalhou pelos corredores do colégio. Foi o assunto do dia. Nossos professores também se sentiram imensamente gratos pela escolha de escola para receber essa apresentação tão bela", conta.
A trama do monólogo é conduzida por Augá ("água" ao contrário), personagem interpretada por Lígia Ferreira. Vinda do ano 2100, ela retorna ao presente para tentar reverter o estrago causado pela escassez de água potável no mundo. Em sua jornada, encontra a pajé ancestral Pâranã, que traz consigo a sabedoria da terra e da natureza. "Mais do que alertar sobre a ameaça real da crise hídrica, a intenção é mostrar que existe esperança – e ela está nas novas gerações, mais conscientes da urgência de proteger o meio ambiente", diz a atriz.
O espetáculo aposta em um universo que mistura elementos futuristas e culturais brasileiros. A cenografia e os figurinos são inspirados no Caminho do Itupava, no litoral do Paraná – trilha indígena histórica da Serra do Mar que atravessa a Grande Reserva da Mata Atlântica, último grande remanescente contínuo do bioma no país. As referências ao folclore nacional e a figuras místicas dão mais força à narrativa. "O encontro entre o futuro inseguro e o presente apoiado na sabedoria ancestral é cheio de simbologia. Estimulamos o imaginário do público com o que chamamos de tecnomisticismo, que mistura elementos futuristas, tecnologia e crenças místicas. É uma peça cheia de poesia e beleza, feita para crianças e jovens, que são a ponta mais sensível da sociedade. Quando entendem o valor da água, muitas vezes são elas que cobram hábitos mais conscientes dos adultos. O teatro é uma ferramenta poderosa para gerar esse tipo de percepção", avalia Flávio Araújo.
Outro destaque de ItUpAvA dois mil e SEM é a trilha sonora, que desempenha papel ativo na encenação. Criada por Flávio Araújo em parceria com os músicos Jean Boca e Marcelo Teixeira, a trilha mistura vozes, instrumentos e sons da natureza, como água e vento. "Nessa peça, a trilha não é pano de fundo, e sim personagem. Cada batida, cada som tem função narrativa. O handpan, por exemplo, é tocado pela protagonista em cena e desperta enorme curiosidade do público, em meio à cenografia que reforça a grandiosidade da personagem", explica.
A turnê por Minas Gerais segue até o mês de outubro. Depois de passar por Carandaí, Congonhas e Belo Vale, estão previstas apresentações em Betim, Mário Campos, Sarzedo e Ibirité. Ao todo, serão 32 sessões gratuitas em 10 municípios, sendo 21 em escolas públicas e 11 em espaços culturais.
O projeto foi aprovado pela Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, conta com patrocínio da NTS – Nova Transportadora do Sudeste, produção da FCNA Produções e realização da ViraVolta Cultural, Ministério da Cultura e Governo Federal.
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