Certo está o Lido, como as temperaturas bruscas facilitam a comunicação, movem a conversa, abrem o diálogo, esquentam o contato. Leia mais...
Outono de 2017.
Não gosto de dias amenos com temperatura estável. Esse clima de tudo azul é muito bom, mas pro social, não serve. Gosto de temperaturas extremas. Um Calor de lascar. Um frio de rachar. Isso gera assunto, cria conversa, facilita a comunicação. Que calor, hein? Nossa, ninguém aguenta um trem desses! Bom pra quem tá na praia, né? Acabei de tomar banho e já to ensopado!
Um inverno rigoroso é do mesmo jeito. Que friagem doida! Tem anos que não vejo um frio assim, Deus me livre! E pra levantar de manhã? E a água que não esquenta? Um trapinho de silêncio e o comentário brota instantâneo: Que frio é esse! Aí, é o bastante para animar a discussão no trajeto do táxi, nos consultórios, na fila do banco, do ônibus. Todos interagindo com desconhecidos ou mesmo com alguém de conversa fraca. A queda brusca ou o aumento exacerbado da temperatura, muitas vezes, salva um almoço, uma viagem maçante, uma festinha chata, porque o assunto não se esgota. Há todo um figurino para se usar, uma comida especial para ensinar, uma bebida que combina, um sofrimento a ser descrito, acontecido nessas histerias do tempo. Quase morri de frio! Era um calor de matar! E seguem as receitas, os cuidados com a saúde e tudo recomeça com um simples: Frio demais, né? ! Que calor, credo! E está aceso o estopim. Claro que dias frescos, sem excessos, também precipitam diálogos. Mas não vingam! Que dia lindo, hein? Lindo mesmo! E acaba por aí.
Lido Loschi é artista. Ator, cantor, dançarino, escritor, declamador, produtor e tudo mais que se pode pensar. Ele é multitalento, e tem talento escorrendo por todos os poros. A gente do BarbacenaMais ama seus contos, e estamos torcendo para que saia logo seu primeiro livro!
