'Soltando o verbo ESCOLHER, com a escritora Lucimar Zanzoni

Contemporânea, artista sem pretensão, moderna, desafiadora, criativa, meiga e genial. Lucimar Zanzoni é convidada do BarbacenaMais e está publicando suas séries de crônicas aos domingos aqui. Um pouco de leveza e literatura para dias pesados e instigantes. Hoje é dia de falar sobre ESCOLHER  ;-)

SOLTANDO O VERBO ESCOLHER

Por Lucimar Zanzoni*

Escolher
Quando o sol resolveu dar o ar da graça, a dúvida começou. Hoje é dia de máscara ou de casa? De café preto ou de Toddy? De saia ou de calça? De rir ou de prantear?
Quem nunca ficou parado na esquina pensando para qual lado ir, que atire a primeira bala (de preferência de menta ou caramelo, detesto armas). A dúvida é a companhia certa de todo mundo. E a gente passa a vida pensando que há sempre um lado certo e outro errado. Ledo engano ou alegre logro. Tudo significa a mesma coisa. O que vem depois é que é diferente. Cada caminho leva a um destino. E cada destino traz suas próprias alegrias e tristezas.
Assim cada passo dado oculta uma decisão. Beijo ou espero? Estudo ou trabalho? Ou nem um, ou nem outro? Um filho ou dois ou nenhum? Faço crossdressing ou crossfit? Rock ou blues? Número um ou número dois?(mentira! Este não vale, não depende da gente). Gasto ou poupo? Como ou emagreço? Passo fome ou engordo? Rapidinha ou demoradinha? Roça ou cinema? Não importa. O que não se deve esquecer é passo dado prá frente, não significa que não se possa caranguejar de vez em quando ou até dar marcha ré.
Tem horas de arriscar e tem horas de matutar, mas também tem hora de perder a vez ou de meter os pés pela cabeça. E tudo vale, porque não há almoço sem escolha, entre a salada e a massa, entre o molho e o carboidrato, entre saciar e comer demais. Às vezes precisamos recuar ou até desistir. Desistir do primeiro, aventurar no segundo, terceiro, quarto..e sentir até que a felicidade pode vir da desistência.
E quem nunca duvidou se seguia o coração, o desejo, a razão ou simplesmente fechava os olhos e deixava acontecer? Às vezes até fingir de surdo, mudo ou morto é estratégia de sobrevivência, da mesma maneira que pegar no leme e virar o barco na direção oposta, sem olhar prá trás, sem se arrepender. Mas se acontecer, tudo bem. Sem lamentações. Faz parte.
Profissionalmente, então é um dilema eterno. Peço aumento ou peço folga? Assumo ou acomodo? Satisfaço meu ego no comando ou pego a bolsa e saio dez minutos antes do horário de saída? Ralo até o coração palpitar ou tiro um período sabático? Fico aqui ou vou aprender a fazer sushi em Bali ou em São Paulo?
E neste fluxograma louco, cada opção leva para um novo losango com outra pergunta, que leva a outro losango com mais três saídas possíveis num infinito labirinto louco e maravilhoso de possibilidades exponenciais e que cada um tem e nem sabe. Como num jogo, podemos dar cartas, receber, passar a vez, blefar, ganhar ou perder. Mas o importante mesmo é escolher viver.
(Lucimar Zanzoni)

-Sugiro assistir na sequência os filmes Alice no país das maravilhas, Prime vídeo e Alice através do espelho,no Youtube que contam as estórias de Lewis Carroll e faz alegorias sensíveis sobre o amadurecimento e as escolhas necessárias a cada um.
-E considerando a campanha Setembro amarelho e a necessidade de se falar de tema tão delicado, indico o filme Um homem chamado Ove, no Youtube, e livro do mesmo nome sobre um homem em frente a difícil decisão de tirar a sua própria vida.
-E por fim, o filme A escolha, TelecinePlay, baseado no livro de Nicholas Sparks ,mostra o lado bom das escolhas no campo amoroso.

Foto artística de Kefan Weng

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*Lucimar Zanzoni