'Soltando o verbo EDUCAR', com a escritora Lucimar Zanzoni

Contemporânea, artista sem pretensão, moderna, desafiadora, criativa, meiga e genial. Lucimar Zanzoni é convidada do BarbacenaMais e está publicando suas séries de crônicas aos domingos aqui. Um pouco de leveza e literatura para dias pesados e instigantes.;-)

SOLTANDO O VERBO educar

Por Lucimar Zanzoni*

Duas notícias nesta semana me levaram a escrever sobre o verbo de hoje. Inicialmente no dia 12 de julho, Malala Yousafzai fez 23 anos. Para quem não se lembra, ela é uma paquistanesa que luta desde pequena pelo direito das meninas estudarem em seu país. Em virtude desta luta, ela foi baleada por um extremista talibã em sua província e quase morreu em 2012. Em sua recuperação ela foi transferida para a Inglaterra e até hoje continua divulgando sua causa sobre o direito à educação para todas as crianças do mundo. Seu ideal e seu empenho levaram Malala a receber o prêmio Nobel da Paz em 2014. Nesta semana também foi divulgada sua formatura na Universidade de Oxford em Filosofia, Política e Economia, sendo esta a segunda notícia a me inspirar.
Estamos num momento muito incomum e infelizmente nossas escolas estão fechadas. As aulas seguem virtualmente, mas nem todos têm acesso adequado à internet. Nisso incluo os alunos, os professores e as escolas.
Apesar dos pequenos progressos apresentados recentemente pelo IBGE, onde conseguimos ver uma queda no analfabetismo, até agora 11 milhões de brasileiros, com mais de 15 anos, não sabem ler, nem escrever. Em resumo, não temos muito a comemorar.
Ainda há muitas crianças fora da escola e muitas escolas precisando de apoio do governo. No período de 2005 a 2009, o orçamento para a educação no Brasil aumentou 1,1% em relação ao PIB, de lá prá cá nenhum aumento ocorreu. Hoje a educação corresponde a 3,48% do orçamento total do governo. Só para se ter uma comparação, há países na América Latina com mais de 8% do PIB, enquanto que no Brasil agarramos nos 5%.
Mas não é só de escola que precisamos. Tem um ditado africano que diz "É preciso uma tribo para educar uma criança" e aí, lembramos do papel fundamental dos pais que neste período têm feito home Office, cuidam da casa, da alimentação, orientam tarefas; ou, em muitos casos, estão sem renda para sobreviver, passando muitas adversidades. Fica difícil formar uma pessoa inteira com seus saberes, valores, sensibilidades e gostos sem conviver com seus colegas de idade, sem brincar, sem sentir o mundo que nos cerca. Tocar, sentir, experimentar são extremamente necessários para a formação do espírito crítico, para saber avaliar a história e por fim, construir um país mais justo, com menos desigualdade social e mais democrático.
Nossas crianças e jovens precisam de escola, nosso país precisa de cultura, arte, esportes, livros, pesquisa, ciência. E por fim, precisamos de governantes que reconheçam que por mais cara que seja a educação, a ignorância de um povo é que mais traz prejuízos para uma nação.

Falei? ( Lucimar Zanzoni)

Sugiro inicialmente conhecer a história de vida de Malala Yousafzai através do vídeo "Quem é Malala?" do Youtube. Na sequência, a dica é conhecer o maior educador que o Brasil já teve, Paulo Freire. No youTube tem um documentário sobre sua trajetória excelente, chamado "Paulo Freire Contemporâneo. Vale a pena assistir!
Outra dica é assistir o filme "Como estrelas na Terra" sobre os desafios de se vencer a dislexia no aprendizado.
E na HBOGO, dois ótimos filmes complementam o pacote educação. O primeiro é "Tempos duros na Escola Douglass: Nenhuma criança fica de fora", sobre os desafios educacionais nos EUA e "O homem que viu o infinito" sobre um matemático indiano genial.

Foto artísitica de @kutovakika

O texto acima faz parte da série Soltando o Verbo, onde reflito, neste período de pandemia, sobre um verbo relacionado com o assunto e com o momento.

#soltandooverbo #completar #levezasdalu #essapequenamúsica #chicobuarque #richardlinklater #Visanstefan

*Lucimar Zanzoni