Alerta | Hospitais das Vertentes e Zona da Mata enfrentam dificuldades para compra de medicamentos utilizados em pacientes de UTI

Instituições de Viçosa, Barbacena, Juiz de Fora, Muriaé, Carangola, Cataguases e Ubá confirmaram que há dificuldade na aquisição de sedativos, anestésicos e neurobloqueadores, além de alta de mais de 500% nos preços. Em algumas cidades, só há estoque para 15 dias. SAIBA+

Hospitais em Barbacena, Viçosa, Juiz de Fora, Carangola, Cataguases, Muriaé e Ubá enfrentam dificuldades para comprar medicamentos sedativos, utilizados em pacientes durante cirurgias e também naqueles que estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), inclusive em casos de Covid-19.

No levantamento realizado pelo G1 e TV Integração nesta terça-feira (23) junto aos hospitais da região, foi relatado aumento de mais de 500% no valor dos medicamentos, atrasos na entrega e mudanças no protocolo de tratamento por causa da escassez de determinados remédios.

As instituições relataram que apesar de terem dinheiro para realizar a compra, muitas vezes não encontram a substância para venda.

A compra destes remédios é realizada direto entre as instituições e as distribuidoras farmacêuticas, sem necessidade de intermédio do Estado ou da Secretaria Municipal de Saúde.

Alguns hospitais, como o São Sebastião, em Viçosa, só têm estoque para 15 dias, caso não consigam realizar novas compras.

A situação coloca em risco a realização de cirurgias, a admissão de pacientes em UTI e a realização de entubação para receber a ventilação mecânica.

A reportagem apurou que os medicamentos que estão em falta no mercado são sedativos opióides, como Fentanil, Sulfentanil, Alfentanil; os anestésicos Cetamina e Dextrocetamina; sedativo benzodiazepínicos, principalmente o Midazolam e bloqueadores neuromusculares, como Suxametônio, Rocurônio, Atracúrio, Cisatracúrio e Pancurônio.

 

A reportagem entrou em contato com os laboratórios farmacêuticos Cristália e União Química, apontada pelos hospitais como as principais fornecedoras do Fentanil e Midazolam.

Em nota, o Cristália, que abastece 95% dos hospitais brasileiros, informou que em razão da utilização no tratamento de pacientes internados com Covid-19, a demanda de alguns dos produtos quadruplicou quando comparada com a média antes da pandemia e tem o compromisso de encerrar junho sem nenhum pedido pendente.

"Neste momento de aumento no número de solicitações, estamos fornecendo uma quantidade limitada de produtos de forma que os hospitais estejam abastecidos, mas sem grandes estoques, pois nesse caso correríamos o risco de deixar algum hospital sem o medicamento necessário", afirmou a assessoria do laboratório em trecho da nota.

A empresa reforçou que "está empenhada no atendimento das demandas", tem capacidade de suprimento e deixou de exportar esses produtos para garantir a demanda do país. O laboratório afirmou que, entre os meses de março e maio, a produção foi ajustada para abastecer todos os leitos de UTI do Brasil. Do catálogo de mais de 200 medicamentos produzidos pelo Cristália, 12 são utilizados em UTIs no tratamento do coronavírus.

O laboratório União Química informou que, sobre a disponibilidade de Unifental (Citrato de Fentanila) e Dormium (Midazolam) no mercado, "não há falta de medicamentos de seu portfólio da linha hospitalar e que os principais hospitais do país continuam sendo atendidos normalmente".

 

 Hospital Ibiapaba barbacena  — Foto: Hospital Ibiapaba/Divulgação

Hospital Ibiapaba barbacena — Foto: Hospital Ibiapaba/Divulgação

Em Barbacena, a Prefeitura informou ao G1 que os hospitais relataram a falta desses medicamentos.

A reportagem entrou em contato com o Hospital Ibiapaba, que confirmou que está com "alguma falta" de sedativos, anestésicos e bloqueadores neuromusculares.

O Ibiapaba informou que o que está acontecendo é uma escassez comercial e os farmacêuticos do hospital estão trabalhando junto com o corpo clínico para definir novos protocolos de tratamento para que consigam dar continuidade na assistência dos pacientes.

Além da dificuldade na falta destes insumos, o hospital explicou que também sofre com a a alta de preços dos mais variados medicamentos, inclusive de alguns que não são utilizados para pacientes com síndrome respiratória aguda.

O Ibiapaba informou que, no momento, não registra a falta total nos estoques, mas a situação tem sido de atenção permanente.

O Hospital Regional da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) de Barbacena informou que não há desabastecimento no local, mas um "contingenciamento e o remanejamento do estoque" e que em alguns casos, há a substituição terapêutica por outros similares, prevista nos Protocolos Clínicos, caso não tenha o item momentaneamente no estoque regular.

A Fhemig explicou que a aquisições e entregas de insumos e medicamentos são feitas por meio de fornecedores licitados e cadastrados no sistema estadual, por meio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG). Esses itens são distribuídos nas unidades e existe um gerenciamento de estoque, que, por se tratar de uma rede, tende a ser mais robusto.

A reportagem também procurou a Santa Casa de Misericórdia de Barbacena, mas até a última atualização desta matéria, não obteve retorno.


Fonte: G1-Zona da Mata


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