Três anos após reabertura, mais de 52 mil pessoas visitaram o Museu da Loucura

Coordenadora destaca importância de espaço de memória em busca do respeito ao tratamento humanizado dos pacientes com transtornos mentais.

O Museu da Loucura, em Barbacena, comemorou três anos da reabertura após revitalização neste sábado (18). Uma data duplamente representativa: Dia Nacional da Luta Antimanicomial e Dia Internacional dos Museus. Com visitação gratuita, o local recebeu 52.759 pessoas entre 18 de maio de 2016 e a última segunda-feira (13). Desde a inauguração - em agosto de 1996 - até 13 de maio deste ano, foram 183.584 visitantes. Conhecido por abrigar acervo que conta a história do primeiro hospital psiquiátrico de Minas Gerais, também recebe mostras temporárias, como a exposição "Memória da Loucura" do Centro Cultural da Saúde do Ministério da Saúde, que será aberta na próxima sexta (24).

A coordenadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa e Museu da Loucura, Lucimar Pereira, destacou como a instituição em pleno funcionamento representa uma vitória como símbolo da Luta Antimanicomial e como um local de manutenção da história. "O Museu assume o papel cultural comunicando, sensibilizando e conclamando o visitante a usufruir do seu direito à apropriação da memória. Assim se firma enquanto espaço de memória, de reflexão e de contemporaneidade buscando a formação e valorização individual produzindo, assim, benefícios sociais", disse à reportagem. "Que boa parte dos brasileiros pudesse passar por aqui para acreditar que a vontade pode fazer mudar. O destino se faz, se modifica! Experiência insubstituível a de estar aqui". (Frase deixada por um visitante no livro de registros do Museu).

Ressaltar a humanização e respeito ao paciente

A coordenadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa relembra que o Hospital Colônia foi inaugurado em 1903 em Barbacena. A primeira instituição psiquiátrica do Estado seguia o modelo defendido por Pinel e Esquirol. "Tendo em vista os bons resultados obtidos, o Hospital Colônia, passou a ser um ponto de convergência para todos os pacientes que as comunidades pretendiam curar ou isolar, ou seja, havia uma grande demanda de doentes mentais, sifilíticos, tuberculosos e marginalizados". "Com este aumento de pacientes, o Hospital passou por uma mudança radical: os leitos eram insuficientes e a escassez de recursos financeiros, materiais e principalmente humanos, tornaram-se graves problemas. O tratamento dispensado aos pacientes passou a ser desumano e degradante", relembrou Lucimar Pereira.

A mudança começou na década de 1970, como contou a coordenadora. "Os profissionais iniciam um trabalho em prol da mudança do modelo assistencial, priorizando a humanização e o respeito ao doente mental e as mudanças vem acontecendo até os dias atuais", afirmou. O Museu da Loucura foi criado em 1996, reúne textos, fotografias, documentos, objetos, equipamentos e instrumentação cirúrgica, que relatam a história do tratamento do paciente com sofrimento mental. A mostra permanente inclui também vídeos, trabalhos de artesanato realizados pelos pacientes e usuários da instituição. "Os visitantes ficam muito sensibilizados quando percebem a importância social do Museu demonstrando apoio e adesão a esta iniciativa. Isto pode ser comprovado na mudança de postura, quando conseguem expressar um olhar diferente aceitando o portador de transtorno psíquico como cidadão e integrante da comunidade. E também entendendo que a participação de todos é fundamental para que a mudança cultural, a solidariedade e o respeito se instalem de fato", contou Lucimar Pereira.

O local foi fechado em 2014 para revitalização da estrutura física, do acervo e da exposição permanente. Desde a reabertura, recebeu quatro exposições temporárias: "Recorte" do Palácio das Artes (Fundação Clóvis Salgado); exposição de Desenhos de Perpétua Maria de Souza e de pinturas "The visceral mind" do artista Rodrigo Vilela, de Boa Esperança - MG, e há um ano, a mostra "Revisitando o passado" que contou a história do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB) sob outra abordagem.

Visitações

O Museu da Loucura funciona na Avenida Quatorze de Agosto, sem número, no bairro Floresta, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB). Está aberto diariamente de 8h às 18h. Há visitas guiadas. Em caso de instituições de ensino é necessário agendamento prévio pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., pois as salas do museu não comportam grande número de pessoas no mesmo horário.


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