Texto extraído do livro ‘escultor de frases’ do escritor barbacenense George Loez. Leia mais...
LITERATURA
Antagonismo social
Sou! Apenas o eu e mais nada e isto me faz pensar, nesta imensidão do nada, onde me encontro. Deste ângulo de visão o mundo me parece menor, tenho uma invisibilidade notória! Não sou transparente, mas vago como um fantasma por onde passo! Eu vejo todos e ninguém me vê ou não sabem quem sou, nem ao menos se interessam. Saltei para um universo paralelo, fui para o inverso, aonde as sacolas são fechadas aqui são abertas, sou o contraditório! A irracionalidade sobre a cobiça material me trouxe uma companhia, um mundo cão! De tudo que foi descartado aqui é almejado, o mau cheiro não sinto mais e se transformou inodoro, ficamos ambientados com que vivemos, o miasma aqui é perfume, entendi o reverso e o reciclo e tudo volta para o mesmo lugar, no meio de tantos restos, eu somo um! A solidão é a minha amiga imaginaria. Não responde e nem sorri, também não mais me incomoda. Minhas vestes seguem um eterno modismo, maltrapilho e minha marca de grife e meu padrão se tornou uma praxe e o que esta em voga é o carimbo da classe em que eu me encontro, mesmo sem nenhuma classe! Tenho tantos sinônimos; de vagabundo à desocupado, mendigo, sem teto, desabrigado que, por fim, já esqueci meu nome! Talvez seja o antônimo da sociedade! A esmola é a paga do meu sustento. O meu salário é depositado em parcelas sem data nem hora marcada em minhas mãos pela benevolência da sobra! Quando perguntam, o que o levou a isto? Como se o fim fosse um começo! São tantas as perguntas que me perdi entre elas, enfim resta uma que não sei a resposta! Não tenho teto por falta das paredes para sustentação. Meu abrigo de concreto são as marquises, o restante das grandes construções, o cobertor se tornou uma casa e um banco é minha cama. A verdadeira alquimia da necessidade, minha morada é um improviso sem número para correspondência! De início criado, no meio respeitado, e por fim desprezado, como tudo aqui deste lado , eu sou a sobra e do que sobra, sobra em mim a esperança, recolho do lixo para não me sentir um trapo e eu aos trapos recolho para não me sentir um lixo, vivo do contraditório, vendo o que não tem valor, sou o simplesmente o avesso! Prazer! Sou o Antagonismo Social!
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