Região Campos das Vertentes tem a pior avaliação de Saúde no estado de Minas Gerais, diz pesquisa Datafolha



Para 22% da população, saúde é o problema mais grave de Minas Gerais

 

Reportagem mostra resultados da pesquisa Datafolha que aponta a Saúde como o problema mais grave de Minas Gerais

Para 22% da população, saúde é o problema mais grave de Minas Gerais

 

Em 27 de dezembro de 2023, o jornalista Gabriel Ferreira Borges assinou reportagem no jornal O TEMPO apresentando dados da pesquisa DATAFOLHA que avaliou os principais problemas do estado de Minas Gerais.

Segundo a reportagem de Gabriel, o Datafolha detectou na pesquisa realizada entre os dias 23 de outubro e 21 de novembro que a maioria da população mineira reconhece como o maior problema do estado a Saúde ou a falta de serviços dela.

A pior avaliação no estado aconteceu na nossa região, o Campo das Vertentes, onde a insatisfação da população com a Saúde chega a ser 10% acima dos números registrados nas outras regiões do estado de Minas Gerais.

Na reportagem de Gabriel Borges, ressalta-se o aumento dos números de processos judiciais em saúde que cresceu 64% nos últimos três anos (2021 - 2023), e ressalta que nos últimos 10 anos, Minas Gerais registra aproximadamente 900 mil mortes de pessoas que são classificadas como "evitáveis", ou seja, perdas que poderiam não ter ocorrido. Veja abaixo:

"Conforme mostrou no último mês de novembro a série de reportagens de O TEMPO “Saúde nos tribunais: para que lado pende esta balança?”, a Justiça é acionada contra o Sistema Único de Saúde (SUS) a cada 20 minutos em Minas, o que já provocou custos de R$ 2,4 bilhões ao governo. Entre 2020 e 2023, a média diária de processos em saúde cresceu 64%. Se há três anos a média era de 44 por dia, neste ano, ao menos até 10 de outubro, ela foi 73. 

A mesma série ainda apontou que a falta de acesso a um atendimento ou a um tratamento matou cerca de cinco vezes mais em Minas Gerais do que a pandemia de Covid-19, que teve como vítimas quase 66 mil pessoas em três anos e oito meses desde o primeiro óbito no Estado. Em dez anos, Minas teve aproximadamente 900 mil mortes classificadas como “evitáveis”, ou seja, perdas que não poderiam ocorrer."

Você pode conferir a reportagem completa no link: Para 22% da população, Saúde é o problema mais grave de Minas Gerais

 

346 MORTOS NA FILA DE ESPERA POR LEITOS DE CTI NA MACRORREGIÃO DE BARBACENA

 

Nos meses de outubro de novembro de 2023, a direção e colaboradores do Hospital Policlínica de Barbacena denunciaram, com apoio dos seputados Lucas Lasmar, Leleco Pimentel, Betão PT e outros mais, em Audiência Pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais - uma na Comissão de Saúde e outra na Comissão de Direitos Humanos - o número de pacientes que morreram na fila de espera por leitos de CTI na macrorregião Centro-Sul durante o ano passado.

Só até o mesmo de novembro, de acordo com relatórios do SUS Fácil, 346 pacientes faleceram sem que tivessem tido o direito de pelo ter a dignidade da assistência de tratamento em UTI. Ao analisar as patologias dos pacientes que faleceram aguardando por um leito de CTI, autoridades médicas destacam que se houvessem tido acesso aos serviços de um Centro de Terapia Intensiva, pelo menos 30% destes pacientes certamente poderiam ter sobrevivido, outros 30% poderiam ter tido suas chances de sobrevivência redobrada, e os outros 40% poderiam ter pelo menos tido uma morte com mais dignidade e menos sofrimento.

A denúncia feita pela direção do Hospital Policlínica de Barbacena, que tomou posse em 1º de junho de 2023, foi motivada pela situação encontrada: 10 leitos de CTI de "primeiro mundo" inativos dentro do hospital, enquanto pessoas morriam na fila. Desde junho a direção chamou autoridades, convidou o Secretário de Saúde Arinos Brasil Duarte, convidou os vereadores, e chefias de todas os setores para conhecerem o CTI do Hospital e ajudarem a reativa-lo. 

O Hospital confiou nas instruções recebidas do superintendente de Saúde e tomou todas as providências para contratação de equipe, calibração de equipamentos, aquisição de remédios e tudo mais para inaugurar o CTI no final de julho, e foi ai que começou a se desenhar o desinteresse de outros pares em lutar pelos leitos de CTI do hospital. Com explicações técnicas para justificar a falta de interesse político em apoiar a instituição, colocou-se em segundo plano a necessidade de salvar vidas. Ouviu-se por diversas vezes que "a situação de falta de leitos de CTI era um problema nacional", "não temos como nos responsabilizar tecnicamente pelo funcionamento do CTI sem o alvará sanitário", "é melhor pensar na construção de outro hospital", "vamos inaugurar 20 leitos de CTI no Regional (mas não sabemos em que ano)", e enquanto isso, de agosto a novembro mais 105 pacientes faleceram na fila de leitos de CTI em nossa macrorregião de Barbacena. 

Não temos acesso ao número final do ano de 2023. Até o mês de dezembro conseguíamos as informações, mas ordens de cima chegaram e ninguém pode nem citar, e muito menos informar a quaisquer instituições que seja quantos pacientes continuam morrendo na fila de leitos de CTI. Mortes silenciosas para a opinião pública, mas mortes revoltantes para todos os pais, todas as mães, todos os filhos, netos, maridos, esposas e irmãos que sofrem com a morte de seus familiares sem que eles tenham tido o mínimo de dignidade e assistência.

Este número assustador - 346 pacientes falecidos - aconteceu bem aqui, debaixo do nosso nariz. Eram pacientes que estavam no Hospital Regional, no Ibiapaba, na santa Casa, nos hospitais de São João del rei, de Lafaiete, na UPA de São João. Não eram só números, eram pessoas. E isso aconteceu numa região onde - para termos o mínimo orientado pela Organização Mundial de Saúde - deveríamos ter mais 19 leitos de CTI. Sim, os 10 que se encontram fechados no Hospital Policlínica teriam ajudado muita gente, e ainda precisaríamos de mais nove, no mínimo.

O que nos leva a pensar quais serão os números de nosso estado de Minas Gerais, onde segundo levantamento do próprio Superintendente Regional de Saúde existe um déficit de 382 leitos de CTI! Onde está a política de saúde de nosso estado - que se autointitula de excelência, quando nós temos uma necessidade urgente de 382 leitos de CTI para resguardar a assistência de nossa população?

Com tantas dificuldades, e tantas falas contrárias à reabertura de um CTI que durante a pandemia salvou milhares de vidas, mesmo sem compreender como critérios técnicos que não comprometeram a saúde dos pacientes na pandemia poderiam dificultar o trabalho agora, o Ministério da Saúde já habilitou 5 leitos de CTI do Hospital Policlínica de Barbacena a funcionar. Só resta o que acabou sendo o mais díficil de tudo: a autorização da Vigilância Sanitária.

Eu li a reportagem do Gabriel Borges, e quando ele fala "Em dez anos, Minas teve aproximadamente 900 mil mortes classificadas como “evitáveis”, ou seja, perdas que não poderiam ocorrer", eu me pergunto, onde estão nossos políticos que deveriam estar nos defendendo e salvando as vidas de nossos familiares, amigos, vizinhos? 

Estão aplaudindo os governantes? Varrendo pra debaixo do tapete toda esta história tenebrosa que a diretoria do Hospital Policlínica de Barbacena escancarou para todo o estado? Calando-se enquanto eles são perseguidos por terem tido a coragem de colocar em check este panorama assustador da Saúde em Minas Gerais? Quantos mineiros mais terão que morrer sem um atendimento decente para que as pessoas acordem para esta dura realidade e cobrem eficiência, investimentos e coragem? 

E você? Pense que poderia ser um filho, seu pai, alguém que você ama muito a estar numa fila de leito de CTI, entre a vida e a morte. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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